terça-feira, 12 de janeiro de 2010

nirvana

No início de 1986 nada poderia supor que o Nirvana chegaria ao lugar que ocupa no patamar dos astros pop. No ano citado, o cenário musical de Seattle ainda não se destacava e a sua única grande contribuição para o mundo do rock havia sido a figura de Jimi Hendrix. Bandas como Melvins, Tad, Mudhoney(que mais tarde viria a dar origem ao Pearl Jam) e Soundgarden eram apenas mais algumas perdidas em meio a centenas de pequenos grupos de uma cidade chuvosa em que cada vez aumentava e, curiosamente, a fama da banda começava a chegar antes dela com a divulgação dos shows e do disco em rádios alternativas. No final da mini turnê, a banda gravou um disco de curta duração chamado Blew, lançado apenas nos Estados Unidos.
Aproveitando um convite da banda revelação de Seattle na época - o Tad, o Nirvana viajou como banda de abertura em uma turnê pela Europa. Em um dos shows o trio conseguiu chamar atenção de um executivo da gravadora Geffen. A história da banda começava a mudar e em pouco tempo surgiu a oportunidade de uma mudança de rumos. Apesar das ligações afetivas com a Sub Pop, era claro que o Nirvana não podia negar um contrato com uma gravadora maior. Além do mais, o preço pago pela Geffen à Sub Pop pela rescisão do contrato do Nirvana era suficiente para tirar a gravadora do buraco.
Pouco antes da gravação do novo disco pela nova gravadora, o baterista Chad Channing foi chutado por diferenças musicais. Em seu lugar entrou Dave Grohl. Com esta formação o trio conquistaria o mundo. Em setembro de 1991, logo após o lançamento de Nevermind, ocorreu muito mais do que o esperado. Do dia para a noite o disco pulou para o topo das paradas, sem divulgação em rádios ou na MTV. A imprensa musical correu atrás do prejuízo e em menos de um mês a banda saiu do anonimato e passou a ter que escolher as entrevistas que iria conceder e os programas TV de que iria participar.
Aconteceu durante o verão daquele ano, quando uma canção chamada "Smells Like Teen Spirit" foi lançada.. A partir do momento em que os riffs recortados e letras furiosas começaram a preencher o ar, ficou muito claro para qualquer um que tivesse orelhas que uma nova era do rock’n’roll havia começado. O hard rock alternativo acabara de chegar e o Nirvana era o seu mensageiro. No som e na atitude o Nirvana era diferente de tudo que a sociedade mainstream do rock jamais tinha escutado. Enquanto eles existiam no rock underground, durante três anos, lançaram dois discos pelo selo independente de Seattle, Sub Pop. Mas, uma vez que assinaram com a gigante Geffen Records parece que o Nirvana instantaneamente acertou o caminho para o mundo mainstream. Sem sacrificar nada do seu charme e som latente, o vocalista e guitarrista Kurt Cobain, o baixista Chris Novoselic e o baterista Dave Grohl se transformaram em um grupo destinado a destruir o status do rock e introduzir as massas apreciadoras deste ritmo em um som cheio de sentimentos, que muito vinha da sensibilidade crua do punk e do tradicionalismo do hard rock.
"Nós vamos para o palco e tocamos", disse Cobain em 1992. "Se estivermos desafinados, está tudo bem. Seu eu não me lembrar das letras, está tudo bem também. As pessoas que vêem ao show parecem gostar dele, não importa o que façamos. Contanto que haja um feeling no lugar, nós estamos felizes."
Às vezes, parecia que o Nirvana tinha inventado o feeling que se tornou "o som do começo dos anos 90". Junto com outras bandas de sua cidade, como Pearl Jam, Soundgarden e Alice In Chains, o Nirvana ajudou a introduzir o que passou a ser popularmente conhecido como Grunge rock Movement – um termo que apenas algumas bandas envolvidas na cena gostavam ou sequer compreendiam. Para o Nirvana, tudo o que eles estavam fazendo era continuar uma nobre tradição do rock underground. A música deles estava baseada em uma energia selvagem trazida por duas gerações de bandas pouco apreciadas como o Black Flag, Melvins e Meat Puppets, todos grupos que influenciaram diretamente o artista que se transformou em compositor, Kurt Cobain. Foi o vocalista predominantemente louro, perpetuamente pálido e magro que se tornou a cara mais reconhecida de toda a cena de Seattle. As fortes paixões que vinham de suas canções, as quais revelavam problemas instalados em sua alma, pareciam falar para uma igualmente problemática geração, da qual muitos estavam procurando por alguém que colocasse todos os seus medos, raivas e frustrações em canções. Em Cobain eles encontraram seu santo patrono.
"Kurt foi uma das pessoas com mais dom que eu já encontrei", Grohl disse. "Desde o momento em que o conheci, que foi depois do Nirvana já estar junto por algum tempo, eu senti que ele era diferente de todo mundo que havia conhecido até então. Mas seus problemas, as coisas que faziam com que as canções tivessem tanto sentimentos, também eram sua destruição. Ele realmente não podia competir com o mundo. O estrelato era a última coisa que ele queria. Eu realmente penso que Kurt teria sido muito mais feliz se ele tivesse feito música sozinho no meio do mato. Ele jamais estaria preparado para dar de cara com o clarão das luzes do holofote público."
De fato, parecia que, assim que o primeiro disco do Nirvana lançado através de uma grande gravadora - Nevermind chegou ao topo das paradas, as história que falavam sobre os problemas de saúde, com drogas e dificuldades emocionais de Kurt começaram a preencher a cena do rock. Chegou a um ponto em que as histórias quase foram esquecidas, como se tivessem sido inventadas pela imaginação superativa de alguns publicitários. Infelizmente, todas aquelas histórias provaram ser verdadeiras. Em 1992, em meio às imensas turnês a devido à falta de tempo para lançar material inédito, a gravadora lança Incesticide, uma coletânea. Em 1993 é lançado In Utero. A banda parecia estar numa encruzilhada. Era praticamente impossível repetir o sucesso de Nevermind. Os fãs antigos abominavam a banda que havia se vendido para mídia, enquanto os fãs novos exigiam bits de sucesso como os de Nevermind, mas mesmo assim a fama do Nirvana continuou subindo como um foguete. Depois veio com o casamento lucrativo de Kurt Cobain com a rainha do rock, Courtney Love, e com suas turnês de ingressos esgotados – a saúde do cantor continuou a deteriorar. Por um lado, seus tão falados problemas serviram para aumentar sua mágica. Ele era o modelo perfeito para os anos 90, uma talentosa e problemática alma vivendo à beira de um desastre pessoal. Faltava só uma coisa para transformar Cobain de ícone cultural para Deus do Rock e, em abril de 1994, esta coisa aconteceu. Ele foi encontrado morto em sua casa de Seattle, vítima de um tiro na cabeça, disparado por ele mesmo. Por mais que tenha tentado evitar e negar isso, Kurt Cobain se tornou o que mais odiava, um ídolo pop. Em suas letras eram descobertos muito mais significados e poesia do que ele próprio supunha. Ele bem que devia se sentir roubado de sua rebeldia, tomada e vendida pela mídia. Durante meses o mundo do rock lamentou. Cobain foi rapidamente aclamado como símbolo de seu tempo e considerado o John Lennon de sua geração. Embora tenha sido um compositor de primeira e um emotivo e poderoso músico, devemos considerar se as contribuíções dadas por Kurt ao mundo do rock serão lembradas mais pelo conteúdo emocional de suas canções do que pelo final sangrento de sua vida. Parece ainda que, sem dúvida, os esforços de Cobain ajudaram a revitalizar o mundo do rock e colocá-lo de volta no caminho certo quando ele mais precisava. Em um tempo no qual todas as bandas pareciam estar se tornando sintéticas, tatuadas, bem ao estilo de L.A, os esforços de Cobain nos ajudaram a lembrar como o rock’n’roll deveria ser. Seus versos introspectivos e muito pessoais convenceram um gasto cenário do rock a acreditar novamente em si mesmo.
Com o Nirvana, o som de Seattle, juntamente com o visual clássico dos jovens da cidade, com bermudas e camisas de flanela, passou a ser moda. Desde os Sex Pistols, o underground não vendia tanto. Aparentemente a banda passava intocada por tudo isso e, apesar de seus integrantes terem se tornado milionários instantâneos, eles continuavam quebrando os mesmos equipamentos baratos em seus shows. O sucesso do Nirvana de imediato ultrapassou a carreira de dezenas de bandas da cidade de Seatle. Embora não houvesse uma identidade musical entre as bandas, durante dois anos foram poucos os novos grupos a explodirem sem usar bermudas e camisas de flanela. Entre outras bandas da geração de Seattle se destacaram Pearl Jam, Soundgarden, Tad, Mudhoney, P

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